far out

28 de fevereiro de 2007

as Quasi horror

parece quasi-comédia. anda para aqui um gajo a pensar que talvez um dia queira ser um ser que respire, para virem uns quaisquer depositarem sabedoria sobre quem foi um ser que é.

mas não sabem rever os seus erros antes de os venderem ao melhor preço.

apreciei por alto o picar do livro "eis-me acordado muito tempo depois de mim", com o sub-título "uma biografia de al berto", da autora Golgona Anghel e prefaciado por Agustina Bessa-Luís, uma edição das Quasi. gostei da forma de estar do texto. deixei repousar essa ideia. depois um exemplar do livro apareceu para minha posse. fiquei contente :) Al Berto é contentamento na minha tristeza crónica.

tornou-se, à página 39 (de 167), uma leitura muito difícil. abaixo enuncio falhas que encontrei - imagino que haverão muitas mais, pois sou um simples leigo - para não pôr mesmo em causa a informação biográfica do retratado. a primeira falha é de tal maneira grave que deveria requerer no mínimo a recolha desta primeira impressão.

um livro que deixa um vazio de estranheza muito grande, e espero que a frase final seja tomada como um aviso e não como nenhuma esperança: [to be continued].

a inexistência de cuidado com a revisão é evidente, se é que houve lugar a revisão.

  • pág. 39 - «(...) afirma Enrique Vila-Matas, heterónimo de António Tabucchi (...)»;
  • pág. 72 - «Embora não foi uma manifestação de rua (...)»;
  • pág. 72 - «Não há lei nenhuma que permita o despedimento e alguém por causa da sua sexualidade.»;
  • pág. 73 - «A ligação que se estabelece ente editor e autores (...)»;
  • pág. 73 - «(...) no mundo francês da quase a mesma época.»;
  • pág. 73 - «(...) os filósofos gregos armavam a sus existência (...)»;
  • pág. 75 - «(...) no âmbito no mundo editorial (...)»;
  • pág. 92 - «E faz com que há um ruído(...)»;
  • pág. 94 - «Nunca ninguém gosta dela, é completamente desprezada, mas tu a achas muito interessante.» - se está correcto soa mal;
  • pág. 94 - «Isto é, saber o que é uma árvore é preciso comer um bocado dessa árvore» - falta a palavra para antes de "saber";
  • pág. 95 - «És o último homem no planeta que está a registar qualquer coisa que o perturba que não sabe muito bem o que é que é este registo ou aonde o vai levar e portanto não existe nada para trás, nem existe nada para a frente.» - notaram algum problema de respiração?;
  • pág. 95 - «Quando se começa a trabalhar num livro, pensas que no dia em que vai ser publicado, é que o leiam, obviamente.» - claro como vinho tinto;
  • pág. 96 - «E o escritor não abre portas a ninguém que vem atrás, fecha.» - o verbo vir poderá ser representado por venha? e fecha não poderia ser fecha-as? tenho dúvidas, mas não gosto da formulção apresentada no livro;
  • pág. 98/99 - o parágrafo «No dia 29 de Abril de 1989 (...) a sua grande amiga» é uma versão longa do parágrafo «No dia 29 de Abril de 1989 (...) a sua grande amiga» presente na pág. 83
  • pág. 103 - «Em Junho, a revista Action Poétique n.º 119, toda a sua parte inicial ao que chama de «Novos Poetas Portugueses» (...) » - falta uma palavra como dedica antes de "toda";
  • pág. 110 - «Com um especial interesse em responder àlgumas destas questões (...)»;
  • pág. 115 - «"passos os dias a observar os objectos/ sinto o tempo a devorá-los impiedosamente" (O Medo, p.334).»
  • pág. 115 - «É nessa intuição deleuziana que encontramos na metafísica do espaço interior de Al Berto.» - repita, por favor!;
  • pág. 119 - «(...) postestruturalismo (...)», mas na pág. 121 surge «postruturalista» - qual será a forma correcta de iniciar as palavras?;
  • pág. 124 - «(...) o devir-anjo do homem é real mesmo que não exista anjos.»;
  • pág. 132 - «Quando em 1991 o puseram pensar num possível epitáfio (...)» - deveria estar puseram a pensar.

4 comentários:

margarete disse...

txee... muitos mm
que desconsolo estar constantemente a esbarrar nos erros :/

Anónimo disse...

Isto não são erros, isto terá outro nome, mas "erros" não chega!
Alguns raiam a ignorância, pura e simples. É vergonhoso!

Anónimo disse...

É realmente inadmissível!

Também estou a ler o livro e detectei esse erro gravíssimo de considerar o Enrique Vila-Matas como um heterónimo do António Tabucchi.

O Al Berto merecia uma biografia bem melhor!

GR

menina alice disse...

Somos todos heterónimos!